CARTAS DE COTOVELO 11/2016
Agora é vero, o Veraneio terminou
CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES, veranista, membro da ANRL
Sem saber explicar a razão, há muitos anos uma música me persegue quando chega a quarta-feira de cinzas. Não que tenha sido semelhante à minha história amorosa, mas que sempre me cativou após três dias de folia:
Benedito Lacerda (Carnaval da Minha Vida)
Quarta feira de cinzas, amanhece,
Na cidade há um silencio que parece,
Que o próprio mundo se despovoou,
Um toque de clarim, além distante,
Vai levando consigo, agonizante,
O som do carnaval, que já passou,
E repetem-se as cenas de costume,
Cacos dispersos, de lança perfume,
Serpentina e confete, pelo chão,
É a máscara, que a vida jogou fóra,
Mostrando que a alegria foi-se embora,
Nos rastros da passagem da ilusão.
Minha vida também, durou três dias,
Alimentada pelas fantasias,
Recordação da minha vida inteira,
Um retrato, uma flor, uma aliança,
Na maior festa da minha esperança,
Que também teve a sua quarta feira,
Hoje, ante o silencio sepulcral,
Do despojos de mais um carnaval,
Confronte este cenário à minha dor,
O que ontem, pra mim foi iluminado,
Na cidade há um silencio que parece,
Que o próprio mundo se despovoou,
Um toque de clarim, além distante,
Vai levando consigo, agonizante,
O som do carnaval, que já passou,
E repetem-se as cenas de costume,
Cacos dispersos, de lança perfume,
Serpentina e confete, pelo chão,
É a máscara, que a vida jogou fóra,
Mostrando que a alegria foi-se embora,
Nos rastros da passagem da ilusão.
Minha vida também, durou três dias,
Alimentada pelas fantasias,
Recordação da minha vida inteira,
Um retrato, uma flor, uma aliança,
Na maior festa da minha esperança,
Que também teve a sua quarta feira,
Hoje, ante o silencio sepulcral,
Do despojos de mais um carnaval,
Confronte este cenário à minha dor,
O que ontem, pra mim foi iluminado,
Hoje são restos imortais do passado,
Cinzas, do carnaval do meu amor.
Cinzas, do carnaval do meu amor.
Foi mais um carnaval que passou em minha vida, nem melhor ou pior que o dos anos anteriores. Momentos felizes, muita chuva, instantes de terror com dois membros da família, mercê da insegurança pelo qual atravessa atualmente o nosso Estado.
Comecei bem com o lançamento na sede da PROMOVEC, em restauração e debaixo de muita chuva, o meu conto romanceado "Amor de Verão", que já me inspirou para começar um segundo, "Amor de Outono", vamos ver se dá certo.
Ao terminar o veraneio 2016 volto para casa, sem o total reconforto físico e espiritual programados. Percalços com a chuva intensa desde o início de janeiro que não permitiu minhas caminhadas, o assalto na casa do meu irmão José, o falecimento da velha amiga e moradora de Cotovelo Dona Helena Jota de Medeiros.
O ponto positivo do veraneio foi o revigoramento da PROMOVEC, dando novo alento para o período de veraneio, que já funcionou neste com o início da recuperação da sede e realização de encontros e dois churrascos bastantes concorridos, ação social em favor do Projeto ATTITUDE, operações limpeza. O contrato com a Masterseg para a segurança 24 horas funcionou a contento e finalmente tive regularidade com a internet, permitindo colocar as coisas em dia, particularmente os INFORMATIVOS "PROMOVEC EM AÇÃO".
Deixo na casa o meu guardião simbólico - o camaleão e sua família
VAMOS SIMBORA, VAMOS SIMBORA; VAMOS SIMBORA, VAMOS SIMBORA, MINHA GENTE;
VAMOS, VAMOS SIMBORA!!!!!!!
DOMINGO, 7 DE FEVEREIRO DE 2016
A Carta que gostaria de não ter escrito
CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES, veranista, membro da ANRL
É Carnaval, mas esta carta é de tristeza.
É Carnaval, mas esta carta é de tristeza.
A vida, mais uma vez, apresenta um paradoxo inesperado - quem plantou a alegria nesse período, faz a sua viagem final num Carnaval de lamento.
Neste sábado gordo, como se costuma dizer, partiu Dona HELENA JOTA DE MEDEIROS, deixando viúvo Seu Raimundo, órfãos filhos, filhas, netos e netas e vazio o Bar Cotovelo.
A conheci pelos idos de 1989 quando, pela primeira vez, passei um veraneio em Cotovelo, numa casa alugada ao meu querido colega de colégio Zequinha (José Correia de Azevedo), na Rua Parnaíba, quase atrás do bar.
No referido estabelecimento montei o meu ponto de apoio com Natal, pois além da comida que lá era servida aos meus operários e vigia Joca, da construção da casa 258, me oferecia ligação telefônica do orelhão postado na frente do bar, pois à época não existia celular e não havia telefone fixo na praia.
Inúmeras vezes comi do seu guizado, tomei umas cervejas geladas e, durante muito tempo saboreei a sua tapioca com coco, maravilha do café da manhã: "Ernestinho, você quer tapioca?" [Ernesto Flor é o meu genro que se tornou compadre de dois filhos dela].
Acompanhei o seu calvário para conseguir o transplante de fígado, a metamorfose do seu físico e, quando o transplante lhe dava um fio de esperança, surge o câncer de estômago, implacável, que lhe afastou do contato permanente com a família, os amigos e os fregueses e a levou a viver em hospital até a passagem para a outra dimensão da existência.
Sempre tive em Dona Helena, Seu Raimundo e o filho João Batista uma referência e um relacionamento mais estreito, um verdadeiro compadrio.
Esperava a sua partida, diante do quadro da doença, até por caridade, para não tornar mais doloroso o seu findar, apesar de saber que ela sempre sonhou com a recuperação impossível no campo da medicina, senão por benção do Altíssimo.
Nunca a esqueci em minhas Cartas de Cotovelo e tentei imortalizá-la usando o seu nome "Helena" como personagem principal do meu conto romanceado "Amor de Verão", lançado na sede da PROMOVEC, entidade que ajudou a criar, aqui em Cotovelo no mês de janeiro passado, juntamente com o seu viúvo que, na estória era o seu pai, pescador.
Sei que não houve tempo para ela ler o trabalho, mas a sua família testemunhou a homenagem.
Na condição de moradora antiga da praia, passou a fazer parte da geografia sentimental de Cotovelo, em cujas ruas transitava madrugadora oferecendo as suas tapiocas.
São as contradições do tempo, a ironia do destino, o tempo de Deus.
Saudades, muitas saudades virão em toda passagem pelo Bar Cotovelo, que será sempre o fiel da lembrança de momentos dos pardais nos verdes dos quintais.
Vá em PAZ e interceda por Cotovelo e Pium na Casa do Pai Eterno.
Com o carinho de Carlos Roberto de Miranda Gomes e família.
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